O jejum intermitente tem ganhado cada vez mais espaço nas conversas sobre alimentação e estilo de vida. Mas você sabe realmente como ele funciona? Sou Ira Soraya, nutricionista em Cuiabá com mais de 30 anos de experiência, e neste texto vou te explicar, com base na ciência e na prática clínica, o que é o jejum intermitente, seus tipos, como o corpo reage, os benefícios e os cuidados que você precisa ter.

Historicamente, o jejum sempre esteve presente na vida humana. Desde os tempos pré-históricos, passamos por ciclos de escassez e abundância. Antes da conservação moderna de alimentos, nossos corpos precisaram se adaptar a longos períodos sem comida. Essa adaptação levou à nossa incrível capacidade de usar a gordura corporal como reserva de energia durante os jejuns. Hoje, o jejum intermitente voltou à pauta, não apenas como uma moda, mas como uma estratégia terapêutica com respaldo científico.

Mas afinal, o que é jejum intermitente? Trata-se de uma estratégia alimentar que alterna períodos de alimentação com períodos de abstinência total ou parcial de alimentos. Existem vários protocolos, como o jejum em dias alternados (com ingestão reduzida em dias específicos), o jejum duas vezes por semana, e o mais popular: o jejum com restrição de tempo (TRE), como o protocolo 16:8, onde se come em uma janela de 8h e jejua-se por 16h.

Durante o jejum, o corpo consome primeiro a glicose disponível. Em seguida, utiliza o glicogênio (reserva de glicose no fígado e músculos). Quando essa reserva se esgota, o organismo passa a usar gordura como fonte de energia, gerando corpos cetônicos. Esse processo traz mudanças metabólicas importantes, e pode ajudar na perda de peso, na melhora do controle glicêmico e na sensação de saciedade. Mas também pode causar sintomas como halitose, fraqueza ou irritabilidade se for mal conduzido.

Os benefícios potenciais do jejum intermitente são diversos: redução de gordura corporal, melhora da esteatose hepática (gordura no fígado), regulação de hormônios como a insulina e a leptina, melhora na cognição e possível efeito protetor contra doenças neurodegenerativas. Em alguns casos, pode até melhorar a resposta ao tratamento contra o câncer. No entanto, muitos desses efeitos ainda estão em estudo e precisam de mais evidências.

Importante lembrar que o jejum intermitente não é para todo mundo. Gestantes, pessoas com transtornos alimentares, com peso muito baixo, seletividade alimentar ou doenças específicas devem evitar. Já jovens saudáveis, idosos ativos e adultos com sobrepeso, desde que bem orientados, podem se beneficiar da prática.

E por falar em orientação, aqui vai um ponto-chave: não existe protocolo ideal sem avaliação individual. O jejum deve ser planejado, acompanhado por um nutricionista qualificado, que avalie sua rotina, histórico de saúde, estilo de vida e objetivo. Aí sim, podemos definir se faz sentido incluir o jejum, qual o melhor protocolo e como equilibrar a alimentação para evitar deficiências.

Durante o jejum, a hidratação é fundamental. Água, chás suaves e, em alguns casos, café sem açúcar podem ser consumidos. Também podem ser utilizados aminoácidos, como lisina ou leucina, especialmente em pessoas fisicamente ativas. Já na quebra do jejum, o ideal é optar por alimentos leves, com boas fontes de gordura, fibras e proteínas, como ovos, abacate, azeite e folhas verdes.

Se você quer experimentar o jejum intermitente, minha dica é: não copie o protocolo da internet. Converse com um profissional. Em consultório, faço avaliações detalhadas para entender se o jejum é uma boa opção e como ele se encaixa no seu estilo de vida. Nutrição de verdade é aquela que respeita a individualidade. E lembre-se: o objetivo não é só emagrecer, é ter mais saúde e qualidade de vida.

Se você está procurando uma nutricionista em Cuiabá que leve a ciência a sério e que também entenda a vida real, estou aqui para te ajudar. No consultório ou através do meu videocast “Nutri, isso Pod?”, você encontra conteúdo confiável, atualizado e com linguagem leve pra transformar sua relação com a comida.

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